O inverno dos átrios...
Se sou o que te resta por sorte ou por acaso
Os teus atos ferem às chagas de meus átrios
Como um botão de flor no gélido solo pátrio
Desfalece no inverno desse amor parnaso.
A mim, o teu pranto é o que me resta por vez
Se amas; o teu amor é meu desprezo interno
Tal qual a flor que no alento sucumbe no inverno
Tal qual a primavera que a vida lhe trás por vez
Assim eu sou; e se sou amor dê-me a dita cura
De todos sentimentos dum coração despedaçado
E plante o que te resta num jardim de loucura
Enquanto o botão renasce do inverno agourado
Eu reclamo do silêncio do átrio descompassado
E que de vez silencia a vida de pouca desventura.