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NAU PERDIDA [728]
 


Por que te esquivas e me fazes fita,
a te esconderes nos batons ciganos,
quiçá portando modos mais urbanos,
sem que te possa ver quão és bonita?
 

Tu tens no olhar a gula dos tucanos,
então da hiena a fome mais aflita.
Não te abraçar e ter-te me conflita;
de ti a ausência só me causa danos.
 

Por que te ocultas, tão aí distante,
se, nesta vida, tudo o que pensares
é mais querer-te, tendo-te do lado?
 

E bates pé, te jactas, vais avante:
eu, nau perdida, por revoltos mares,
sem bússola, sem ti, um naufragado.
 

Fort., 21/12/2016.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 22/12/2016
Reeditado em 22/12/2016
Código do texto: T5860142
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