PINDORAMA...

SONETO I

Eu era aos pés descalços livre(mentes)...

Ó verde! Nem me era a esperança!

Era a certeza em tudo da bonança...

Douradas peles, nus, mas inocentes!

As minhas águas, no Iguaçu contente

Levavam a todos, minha fala mansa

A paz manifestada de criança

Na alma d'um bambu flexivelmente...

De norte à sul os abandonos bons

E só canoro ouviam-se meus sons

Às terras férteis, permeáveis, sãs...

Vazante agora, meu descobrimento

As minhas águas sujas, sujam o vento,

Me usurpam tudo antes das manhãs...

SONETO II

Mas que saudades sinto das ribeiras

Por onde as águas férteis eram bens!

Mas hoje, são estéreis de armazéns

Comércios pelas balsas bandoleiras...

Das miscigenações sob as fruteiras

E dos amores antigos meus também?

Sobraram angustiosas e reféns

Memórias, às palmeiras estrangeiras...

Os meus nativos olhos das florestas

Cativos são agora das arestas

Emparedadas, cinza sob um teto...

Em meu rumar por insalubres rios

Eu vejo muitos dos casebres frios

Saudosos de um divino arquiteto...

SONETO III

Que seja tudo da memória em partes

Restando nas migalhas que se vê

Um sobre pó soprado nas T.Vs.

Ou às pinturas nos museus de artes...

Eu sinto ao mundo tudo em descartes

As minhas matas, a minha casa, e...

As velhas amizades... E você!

Na vã filosofia de Descartes...

Rondando gema negra em meus quintais

Olhar matilha internacionais

Sedento pelo íntimo do ovo...

Só resta-me oração... Seguir avante!

Em berço esplêndido ao céu gigante

Ir confiante! Lutem, ó meu povo!...

Autor: André Luiz Pinheiro

13/12/2016