METAMORFOSE
Habitavam em mim, bem antes de ti,
Lagartas apenas, pequenas aqui
Adormecidas em meu vazio estômago,
Esquecidas, há tempos, nesse meu âmago.
Você apareceu, porém, feito um casulo,
Minhas lagartas laçou de modo chulo
E agora, presas, cobiçam liberdade,
Mas podem tê-la somente à sua vontade.
Habitam agora, bem depois de ti,
Sufocadas borboletas por aqui
Em minhas masmorras, meu omisso viço.
Eis o motivo de tanto rebuliço
Sentido por mim ao ver o seu olhar
Que atiça às borboletas a ânsia de voar.