DO DIABO AOS REIS MAGOS
Do passado verão, tão conturbado,
Em que se apostou no Diabo à solta
Deu-se agora uma estranha reviravolta
Que pôs este país muito admirado.
Tal anfitrião, assaz experimentado,
Profetizou que virão co´ a sua escolta
Os três Reis Magos d´ aura desenvolta
Trazendo, os três, tesouro envenenado.
A suspeição assenta na ousadia
De tentar mascarar a frustração
Do falhanço da velha encenação
Que cozinhada foi por vilania …
De oito aos oitenta vê-se, num só feixe,
O excesso de presunção e água benta,
Que agora se mudou numa tormenta,
De que tudo o que vem à rede é peixe…
Falar do Diabo não faz nenhum sentido
Pois, como diz o outro, já nem tem graça:
De Reis Magos não passa d´ alarido
E, quanto às pretensões, é só fumaça!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA