DO DIABO AOS REIS MAGOS

Do passado verão, tão conturbado,

Em que se apostou no Diabo à solta

Deu-se agora uma estranha reviravolta

Que pôs este país muito admirado.

Tal anfitrião, assaz experimentado,

Profetizou que virão co´ a sua escolta

Os três Reis Magos d´ aura desenvolta

Trazendo, os três, tesouro envenenado.

A suspeição assenta na ousadia

De tentar mascarar a frustração

Do falhanço da velha encenação

Que cozinhada foi por vilania …

De oito aos oitenta vê-se, num só feixe,

O excesso de presunção e água benta,

Que agora se mudou numa tormenta,

De que tudo o que vem à rede é peixe…

Falar do Diabo não faz nenhum sentido

Pois, como diz o outro, já nem tem graça:

De Reis Magos não passa d´ alarido

E, quanto às pretensões, é só fumaça!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/12/2016
Reeditado em 18/12/2016
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