SAUDADES
Brotam nos olhos lágrimas doridas,
Sangra dentro do peito o coração,
Abrem-se n'alma mórbidas feridas,
Desvaira o pensamento na amplidão.
As esperanças partem comovidas,
Rasga-se o véu dourado da ilusão,
Horas amargas passam a ser vividas,
À sombra triste da recordação.
Busca-se, em vão, a paz do esquecimento,
Não se apaga da mente um só momento
O espectro da funérea realidade!
E a alma já aflita, sofre, geme e chora,
Mergulhada na angústia que a devora,
Presa aos braços da cruz de uma Saudade!