SAUDADES

Brotam nos olhos lágrimas doridas,

Sangra dentro do peito o coração,

Abrem-se n'alma mórbidas feridas,

Desvaira o pensamento na amplidão.

As esperanças partem comovidas,

Rasga-se o véu dourado da ilusão,

Horas amargas passam a ser vividas,

À sombra triste da recordação.

Busca-se, em vão, a paz do esquecimento,

Não se apaga da mente um só momento

O espectro da funérea realidade!

E a alma já aflita, sofre, geme e chora,

Mergulhada na angústia que a devora,

Presa aos braços da cruz de uma Saudade!

Jaubert
Enviado por Jaubert em 30/07/2007
Reeditado em 08/08/2007
Código do texto: T585646