ACALANTO
Em alucinações, serenas, eu contemplo catedrais,
de alvas colunatas e florões medievais,
altares de marfim um tanto carcomidos,
que a pátina do tempo tornou envelhecidos.
Descendo lá do alto, a luz passa entre os vitrais,
enquanto o coro santo entoa doces madrigais,
abençoando, alegre, o homem arrependido,
que adentra a nave santa humilde, agradecido.
E sinto, em mim, a paz plasmar-me a alma impura,
como se fora eu, um'outra criatura
recém nascida, agora, em véus de castidade.
Para crescer, ligeiro, em graça e beleza,
a semear carinhos com toda a certeza,
e ver o bem brotar no coração da humanidade.
(dez-1991)