O HIPOCONDRÍACO

O HIPOCONDRÍACO

Percebo o coração quase infartado

Bater-me forte e surdo igual parando

E o peito comprimido de já quando

A morte se insinua em meio ao Fado.

Serei tolo de não ver meu estado?

Se 'inda me consome o mal nefando,

Cujo remorso é toda uma vida... Ou ando

Negando ainda o pulso desritmado?...

É... O ser não é mais que reticente

Exame de sinais vitais que osculto:

Um corpo me sentindo tão-somente.

Por desgraça, talvez morra pouco antes

De começar a vida! E, de repente,

Sofrer de todo o mal d'alguns instantes...

Betim - 10 11 1999