E FOI ASSIM QUE EU VI...
Foi numa noite sombria do alto eu vi um vulto flutuar
Na minha frente, serpentes adornavam o seu caminhar
Seu corpo másculo o envolvia sem nada ele perceber
Vi com esses olhos verdejantes o que a terra há de comer
Caminhava ele silente sobre pedras e lodos, o pobre rapaz
Entrou no primeiro bar da esquina sombria e aterrorizante
Aves noturnas espalhavam medo e horror, o farfalhar fugaz
O que mais assustava-me era a sua vestimenta flamejante
Ateava-lhe o fogo sob a pele e, nada queimava ele e as serpentes
Enlaçavam-nas em seu corpo e ao seu sonho plasmático
Terrível como o pesadelo, mas era o sonho vivido por aquele rapaz
Foi por ele produzido tudo o que sua mente doentia foi capaz
Das profundezas do submundo do álcool nele se viam presentes
Irrigando e haurindo a alma do rapaz sob o seu olhar extático...
(Simone Medeiros)
12/10/2015
Imagem: Simone Medeiros