AVIS RARA

AVIS RARA

Ao sol poente, voa a ave de Minerva

A perscrutar nas sombras a Razão.

Sonda axiomas e dogmas, ou senão

Em sofismas questões vãs se reserva.

Sábia, tal ave pousa por sobre a erva

Tida por panaceia n’esse sertão.

Com que se cura o mal do coração,

E sobretudo acalma quem se enerva.

Amiga da Verdade, t’esconjuro!

Ave que voa e vê em noite má,

Como se augúrio claro em pleno escuro.

Cética do que sabe e que haverá,

Circunspecta d’Além nenhum futuro

Se, em verdade, Verdade já não há...

Belo Horizonte – 15 06 1995