EVIDÊNCIAS, SEM NUMERAÇÃO
“Dedicado a Jorge de Sena”
Confessam os dicionários, neste mundo de Cristo,
Que se tem por “evidente” a coisa que sobressai
Demonstrando a certeza da realidade que vai
Reforçar o que já está claramente visto.
Evidências “com numeração” são do Poeta
Que desta Pátria foi morrer em Santa Bárbara,
Que jura estar-se por dentro duma causa rara
Se se passar duma coisa para pessoa concreta.
Como o conceito de PESSOA não cabe nisto
A Numeração das Evidências logo cai
Porque tudo o que é humano sempre se contrai
Diante do acto que acontece sem registo.
As Evidências, sem numeração, serão pois
Muito mais justas, pra garantir a falsidade
Que se vai revelando em máscara de verdade
Em que um mais um são sempre três e nunca dois!
Um mais um, não são três em nenhum lugar do mundo
A não ser lá para os confins da Patagónia,
Mas não aí, nessa tua querida Califórnia
Onde se era mau contigo, agora é mais que imundo!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA