Soneto a Abel
Amei-te tanto, irmão! Por tanto amar
A ti, que de mim foi melhor metade,
Lamento a pena injusta da vaidade
Do Senhor que acabou com nosso lar.
Borrego me ofertaste em caridade
Quando Ele indeferiu meu bom pomar.
Esta oblata negou tal Divindade,
Deitaste-te, sereno, sobre o altar.
Teu fumo aos céus subiu, serpente escura,
Deles desceu dourado raio claro,
Abraçou-me e beijou-me Gabriel:
"Amém! Amém! Mataste uma alma pura,
Ofereceste ao Pai teu bem mais caro,
E nunca hás de subir com ele ao céu!"