EXISTENCIAL

EXISTENCIAL

Talvez exista, vã-filosofando,

Vida que após a morte se consuma

Pelas más horas d’esta vida, uma a uma,

Embora não se saiba o que é nem quando.

Mas tenho os olhos já lacrimejando

Porque não há porquê em coisa alguma.

Tampouco perceba algo que resuma

O sentido da vida em tom mais brando:

-- "Nada, absolutamente nada, apenas

Dirá tudo de mim d'aqui a uns anos

Ou mesmo agora às minhas duras penas."

"Quando inúteis quedaram tantos planos,

Às voltas com misérias tão pequenas,

Existo p’ra sofrer só desenganos."

Santa Bárbara – 12 05 1996