DESASSOSSEGO
DESASSOSSEGO
Atrás de lentes foscas, olhos vagos
E um coração sangrando malferido...
Mas na névoa que envolve o acontecido
Vou recolhendo restos entre estragos.
Perdido o calor d’uns poucos afagos
Eu revisito em vão luzes do olvido
Na vida que podia até ter sido,
Não fossem os amores fundos lagos.
Após horas de mau desassossego,
N’um niilismo tão meu me desapego
De tanto eu ignorar tantos sinais...
Desnorteado por mais esse fracasso,
Fragmento o amor, pedaço por pedaço,
E sobrevivo a mim uma vez mais.
Belo Horizonte – 23 05 1996