Aos Passos do meu filho não nascido
Vê tu, meu pobre filho, a inexistência
Que amputa-te de mim a cada instante
É o ponto onde descansas teu semblante
Desta incomensurável decadência.
Já que não vives, guarda esta inocência
À sina que espera-nos adiante
E poupa-te, querido, à sufocante
Putrefação que vem desta existência.
Perdoa-me, por fim, se estremecida
Esta matéria humana e subjugada
Tornou-te uma lembrança não nascida
E fica-te a dormir nessa jornada
Porque depois dessa inconstante vida
Abraçarias novamente o nada...