no turno mais fino
a noite sedutora com refino leva a lua
vai despindo suas curvas das frias rendas escuras.
a lua como em choro vai lavando inteira a rua,
escorrendo pelo chão doce manjar de brancura
o batente da janela me aconchega enamorado
escutando sossegado meus anseios e gemidos.
quando cansa dá-me o braço descansado d’outro lado
se não cansa faz-me um quadro emoldurado de sentidos
meu deus, com' arde o caminhar desse momento
de silencio onde a paisagem rend' e me devora.
o tempo se adormece e me abandona nesta hora
não me deita, não me dói, não me doa um sofrimento.
só a noite que sedosa vai pedindo um juramento
de bebê-la por inteira até o rasgar azul d’ aurora.