Soneto do perigo anômalo

Se olhásseis vós o céu da madrugada

Às horas de sembrol—às três e tantas—

Veríeis vós, rasgando as baças mantas,

O rúbeo sol distante envolto em nada.

Falharam leigos, sábios, sicofantas,

Mestres, pupilos, todos na caçada

À origem má desta orbe avermelhada

Que mais fulgura em réplica às gargantas:

Ela responde ao culto dos mamíferos

Que insistem em bailar nesta estultícia

De seu vaivém com entes tão umbríferos.

Ai de nós! quando os seres da primícia

Despertarem furiosos e prolíferos

A devorar-nos; seres da puerícia.

Felipe Tavares Teixeira
Enviado por Felipe Tavares Teixeira em 07/11/2016
Reeditado em 07/11/2016
Código do texto: T5816405
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