Soneto do perigo anômalo
Se olhásseis vós o céu da madrugada
Às horas de sembrol—às três e tantas—
Veríeis vós, rasgando as baças mantas,
O rúbeo sol distante envolto em nada.
Falharam leigos, sábios, sicofantas,
Mestres, pupilos, todos na caçada
À origem má desta orbe avermelhada
Que mais fulgura em réplica às gargantas:
Ela responde ao culto dos mamíferos
Que insistem em bailar nesta estultícia
De seu vaivém com entes tão umbríferos.
Ai de nós! quando os seres da primícia
Despertarem furiosos e prolíferos
A devorar-nos; seres da puerícia.