MINHA ROÇA

MINHA ROÇA

Tem-de ter jeito d'eu voltar a ser

Quem devia de vera sim ter sido;

Quem seria se houvesse aqui vivido

Assim como vivi logo ao nascer.

Pudesse a minha herdade ainda ter

Não só de terras, mas de tempo ido,

Eu saberia tudo o que esquecido

Fora pela memória a se perder.

Eu olho esses sertões dentro de mim

E os córregos que correm aonde eu

Vou para me lembrar d'onde qu'eu vim.

Mas sei que esse lugar é sempre meu,

Pois senão o meio, seja o início e o fim

A roça que em mim nunca se perdeu.

Sobrália - 02 11 2016