CIÚME
Caminhando em sarjetas empoçadas
piso em nuvens, qual anjos decaídos.
Entre os cacos d'uma vida arruinada,
garimpo sonhos há muito esquecidos.
Saudade! O que me resta de você!
São teus braços, outrora terno abrigo,
tenazes arquitetos do castigo,
que, tola, insistes em me submeter.
Se o amor é comunhão de esperanças,
padeço sem o doce, qual criança.
Tendo ao torpe ciúme por ladrão,
que disfarçado em certeza absoluta,
no quartel de injustiças é recruta,
ao comando embotado da ilusão.