CIÚME

Caminhando em sarjetas empoçadas

piso em nuvens, qual anjos decaídos.

Entre os cacos d'uma vida arruinada,

garimpo sonhos há muito esquecidos.

Saudade! O que me resta de você!

São teus braços, outrora terno abrigo,

tenazes arquitetos do castigo,

que, tola, insistes em me submeter.

Se o amor é comunhão de esperanças,

padeço sem o doce, qual criança.

Tendo ao torpe ciúme por ladrão,

que disfarçado em certeza absoluta,

no quartel de injustiças é recruta,

ao comando embotado da ilusão.

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 29/10/2016
Reeditado em 15/10/2019
Código do texto: T5806684
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