A PENSAR ALTO
A PENSAR ALTO
Tenho o estranho costume de sozinho
Falar comigo mesmo a pensar alto.
Talvez porque emoções vindas de assalto
Deem voz ao sentimento em desalinho.
Solidão que me fez de mim mesquinho,
Ou ainda extravagância d’um incauto...
Verbalizar-me no abismo como um salto
Pelo deserto vão onde caminho.
Inventei para isso até um pleonasmo:
Migo comigo, ou seja, enmimesmado
E em autocompanhia ante o marasmo.
Chamem como quiser! O mais errado
É nunca se falar para se ouvir
Tudo que nos está a consumir.
Belo Horizonte – 19 10 2005