Êxodo
Edir Pina de Barros
 
Oh! Mar! O tempo passa e permanece,
se tudo muda não transforma tanto,
as tuas águas guardam muito pranto
de dor, que não se acaba, ou se arrefece.
 
Do tráfico negreiro não se esquece
o banzo, a morte em vida e o desencanto
cantados por poetas - e hoje canto
o lado humano que é mais vil, refece.
 
Agora, mar, és palco de esperança,
de quem se atira em ti, os retirantes,
que buscam por futuro bom, hilário.
 
Mas és, também, o túmulo e sudário
dos sem-lugares, tantos imigrantes,
que deixam, para trás, horror, matança.

Publicado no Facebook em 04 de Setembro de 2016. 

Caixa de Pandora, pg. 54
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 21/10/2016
Reeditado em 15/09/2020
Código do texto: T5798938
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