No compasso da agonia
Da intrínseca desgraça os gládios grossos
A carne esfolam! Rasgam-me, sem dó,
Sanguíneos gritos! Desnudando o pó,
Tosco machado me tritura os ossos!
Deglute a vida os pífios pregos vossos,
Forças do cosmos!... Este mundo só
Tem p’ra consolo a morte!... É bem melhor
Dar-me de vez a esses infindos fossos...
Mas inda é cedo... A dor que veste as vidas,
Cobrindo a carne com cem mil feridas,
Dá certo gozo aos homens. Que ironia!
Se por acaso a dor – ou mesmo o tédio –
Não mais achar no mundo o seu remédio,
Eu findarei com um tiro esta agonia!