ALMA PENADA
ALMA PENADA
Sentia tamanho ódio de si mesma
Que apenas se entregara à escuridão.
Tentava olhar além, mas era em vão:
Rondava a noite feito uma avantesma...
Ou mula-sem-cabeça na quaresma...
Mantinha fundo olhar de assombração
Enquanto contemplava outra ilusão
No rastro pegajoso d'uma lesma.
Como se presa àquela vizinhança,
Rodava rua a rua na esperança
De ver os seus que tão cedo deixara.
De modo que jamais se despedia,
Passando longas noites de vigia
No afã de ver a vida bem mais clara.
Betim - 12 10 2016