OBREIRO DE PALAVRAS
Por “repto vivo” de Joaquim Pessoa
Vivemos neste mundo agreste como loucos
À procura da intriga e da vil satisfação,
Olhar pro seu umbigo é pura presunção
E é muito grande a obra e os obreiros poucos.
Sim, aos poetas obreiros, cabem-lhe os caboucos
Mas nem sempre com ferramentas de razão
Pois que, pela fraqueza da sua condição,
As palavras esbarram em ouvidos moucos.
É dura a terra que lhes dão e tem espinhos
E as aves agoirentas raptam as sementes
E mesmo que suas margens sejam convergentes
Tornar-se-ão traiçoeiros todos os caminhos…
“Trabalhador de palavras”, disse em profecia,
Agitando o meu sereno amor e o meu brio
Ficando ao meu cuidado um forte desafio
De ser, a exemplo dele, uma voz da Poesia.
Grato, ó ilustre amigo e poeta, Joaquim Pessoa
Tomara que a tua Musa me esvoace à proa!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA