Três sonetos
O casamento do poeta com a poesia
O verso que possui uma natureza semelhante
A ondas do mar, ao qual se semelha o poema,
É aquele que busca a aparência da linda poesia,
Ou seja, a não-aparência, a essência que, antes
De mais nada, é ser, assim faço um mar de tema
Relacionado ao próprio poema, mas antes fazia
As ondas de um universo atrás da existência de
Uma relação com o universo atrás das letras, e
Eu paquero com a escrita daquilo que me diz se
Eu sou realmente o autor de textos a existirem em mim,
Então há uma abertura da fantasia, chaga aberta
Das letras, mas há uma existência humana assim?
Talvez eu seja poeta e artista, tenho na pena certa
A minha tinta tão sorvida das palavras, e a elas digo sim...
O poeta magoado
Se o belo encanta como amor por vir, talvez haja
Na vidao sentido da verdade ou, o da justiça, mas
Todos esses que se tornaram o âmago da maldade
Contra a existência de um poeta em que se faça
Uma poesia, para, em seus poemas, haver nas
Entrelinhas a poesia e a verdade, se a lealdade
Do poeta é por si mesmo, num sentido religioso
Enquanto ser humano, ele não merece lembrar
Desses aí, pois eles passarão, não estou ocioso,
Eu apenas crio a minha arte, e um dia vou passar
A escrever a poesia, a arte pura da palavra, mas
O ser humano é um animal ainda, ele não passa
De um parente do macaco, por isso eu vou às
Realidades superiores para me livrar deles, que se faça...
Viagem ao Olimpo
Oh pranto da chuva com olhos de água,
Por que beijas o solo infértil com a limpa
Forma da nuvem branca? Quando cheia
A maré, tu vens jogar o teu raio de mágoa
De nuvem carregada, descontando tanta
Fúria de um destino desvairado que a meia
Existência de um poeta, metade arte, outra
Metade viva, vai resistir escrevendo mais e
Mais, então o pico de uma montanha contra
A imensidão do penhasco abriga um homem a se
Provar que poderia subir ao Olimpo, e o espírito
De Zeus desce-lhe para um sopro e a esperança
Transforma-se em realidade, e, por seu delito,
A montanha cai e o homem vai ao céu ao qual se lança...