O poeta e a carcaça

Se há uma mentira que nunca contei,

Vou dizer que escrevo com o meu peito,

Mas nunca neguei que mentia, ou era

Poeta, no entanto hoje digo que eu sei

Que jamais criei o meu verso, o defeito

Do poeta é dizer à carcaça, que é mera

Passageira, que ela fica como a alma

De um poeta, não fica, mas é levada

Pelo poeta para a fantasia e a calma

De criar uma realidade mentida e amada

Vem do poeta que diz a mentira sobre

A própria carne, e vai embalando o belo

Pelos tempos do verso cuja chaga abre

No peito daquele que viveu com mais zelo...

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 06/10/2016
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