NA RUA DA AMARGURA

NA RUA DA AMARGURA

Na Rua da Amargura tem um poste

E, obviamente, a sarjeta onde ora a lua

Cheia se espelha entre o lixo que flutua

Até que ali um bêbado se encoste...

A menos que esta imagem te desgoste,

Mira as chagas d’aquela face nua

Cuja extrema ruína te insinua

A passagem audaz d’uma insana hoste.

Não julgues tal miséria, antes lamenta:

Talvez do que fugira o amargurado

Seja mais feio que seu actual estado!

Se andas na rua, avança indiferente.

E finge jamais teres reparado,

N’esta cena que tens à tua frente...

Belo Horizonte – 20 12 2001