À bruma o sonho, nós dois reais

Se os sonhos meus assim se me olvidassem,

ou mesmo eu dissolvesse-os refletindo,

e fossem qual fumaça ao céu infindo,

seria tão mais sóbrio quanto armassem

no éter só a brumosa tenda intátil.

Concreto, pregaria os pés à terra;

tão teso, qual semente que se enterra,

e estoura, e irrompe, a tudo o que é volátil

imprecaria, bruto como a pedra.

Medraria a ramada que ora medra

à cal, no trato orgânico-inorgânico,

também a mim. A planta que me escala

— eu, muro inerte —, é vão paralisá-la...

Ama-me mélica — eu, sal oceânico.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 28/09/2016
Reeditado em 28/09/2016
Código do texto: T5775419
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