TEMPOS DE PITANGA
(soneto a um menino adulto)
A funda de goiabeira, a obrigação pouca,
Mergulhos às tardes na água sempre pura,
Um menino absorto e repleto de aventura
E um gosto doce de pitanga em sua boca.
A vermelhidão do galho arcado de baga;
Convite ao sabiá pro canto matutino,
Bolsos cheios e as mãos vermelhas do menino
Deixam lembranças que o tempo jamais apaga.
De vez em quando revive em seu sonho adulto
O pião, bola de gude, banho de sanga
E no acordar percebe o seu menino em vulto.
Ah – voltar pudera desse tempo andarejo!
Jorrar nas veias, puro sumo de pitanga,
Nos lábios, o vermelho do primeiro beijo.