TEMPOS DE PITANGA

(soneto a um menino adulto)

A funda de goiabeira, a obrigação pouca,

Mergulhos às tardes na água sempre pura,

Um menino absorto e repleto de aventura

E um gosto doce de pitanga em sua boca.

A vermelhidão do galho arcado de baga;

Convite ao sabiá pro canto matutino,

Bolsos cheios e as mãos vermelhas do menino

Deixam lembranças que o tempo jamais apaga.

De vez em quando revive em seu sonho adulto

O pião, bola de gude, banho de sanga

E no acordar percebe o seu menino em vulto.

Ah – voltar pudera desse tempo andarejo!

Jorrar nas veias, puro sumo de pitanga,

Nos lábios, o vermelho do primeiro beijo.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 28/09/2016
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