TEMPO DE SORTILÉGIO * Catarse (3)

Não há porto de mim por achar.

Da distância que as velas venceram

só as quilhas na areia a varar

choram naus que no mar se perderam.

A distância de mim desvendada

é de terra e de mar, é de estrelas,

é de mãos estendidas no nada

sempre e sempre querendo colhê-las.

Neste chão, neste mar há os rastros

que doridos gravaram em mim

lucilares de angústias e de astros

de procelas e névoas de fim.

E porfio e suporto o cansaço

porque eu sou o que faço e não faço.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/09/2016
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5775190
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