TEMPO DE SORTILÉGIO * Catarse (3)
Não há porto de mim por achar.
Da distância que as velas venceram
só as quilhas na areia a varar
choram naus que no mar se perderam.
A distância de mim desvendada
é de terra e de mar, é de estrelas,
é de mãos estendidas no nada
sempre e sempre querendo colhê-las.
Neste chão, neste mar há os rastros
que doridos gravaram em mim
lucilares de angústias e de astros
de procelas e névoas de fim.
E porfio e suporto o cansaço
porque eu sou o que faço e não faço.