CORPO DE DELITO
Há um verso em corpo frio que exangue pelo tempo...
Todo céreo de torpor frente às surrealidades
Debulhado o coração drena o nada sem alento
Pela fístula do descaso, só rescaldo das saudades.
É um corpo esfarrapado de emergência intangível:
Gerações que sem abrigo são reféns de quem passou
Pela estrada do abandono a lhes roubar o tão preciso
Tempo todo poderoso , donde nada lhes restou.
Há o corpo do ancião, jovem criança maltratada...
Da mulher que já sem seio nem abriga a sua dor!
Traz no ventre o devaneio do palanque traiçoeiro
Sobre o corpo sem anseio... chora a voz que lhe matou.
Há um corpo assassinado que jaz nú , abandonado...
Pátria- corpo estraçalhado!- nem ruína se salvou.