RETICÊNCIAS
Lembro-me de um vulto a se alongar na estrada,
Perdendo-se, ao longe, no meu pensamento...
E que foi se delindo, deixando o tormento
De uma saudade triste e gelada...
Lembro-me um perfume pairando ao vento,
Um nó na garganta... A dor sufocada...
Depois o silêncio agudo e mais nada...
Tentativa inútil de esquecimento...
Tudo se perdeu nas folhas do outono,
No chão espalhadas, num triste abandono,
E nas reticências a calar-me a voz...
Foi-se a alegria nesta estrada incerta
De paisagem fria, tão triste... Deserta...
Sem nada deixar do que fomos nós.