RETICÊNCIAS

Lembro-me de um vulto a se alongar na estrada,

Perdendo-se, ao longe, no meu pensamento...

E que foi se delindo, deixando o tormento

De uma saudade triste e gelada...

Lembro-me um perfume pairando ao vento,

Um nó na garganta... A dor sufocada...

Depois o silêncio agudo e mais nada...

Tentativa inútil de esquecimento...

Tudo se perdeu nas folhas do outono,

No chão espalhadas, num triste abandono,

E nas reticências a calar-me a voz...

Foi-se a alegria nesta estrada incerta

De paisagem fria, tão triste... Deserta...

Sem nada deixar do que fomos nós.

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 25/09/2016
Código do texto: T5771867
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