CIÚME
Na tez do anjo de pedra, vê-se um olhar tão vil
animando o homem cruel por uma paixão bestial
desatino, insensatez move o algoz e seu ardil
sem compaixão ou lucidez, num ato desleal.
Exala da glote o mau cheiro sanguinolento
como escaras de um mal em decomposição:
fosse o ciúme insano toldando-lhe o sentimento,
ou seja a perversa índole algemando sua razão.
Sorveu o próprio veneno, o ciúme, sua maldição:
acorrentado ao penar é vitima e carrasco feroz!
Tira da vida o que nela põe, sofrimento e traição.
Cego que só vê a maldade por si mesmo semeada
faz dias e noites de inferno, vive em tormento atroz
recusada libertação, foi pelo ciúme alma condenada.