REPELENTE
Do lodo extraído como feto,
No aborto da terra, no aborto,
Um atro de espécie do esgoto,
Na abundante fama dos dejetos.
Viscoso, agourento, incorreto,
És mesmo um ser infame e absorto,
Forma asquerosa de perdigoto,
Subterrâneo, barrento, e indiscreto.
Verminoso, imitas o próprio verme,
E há de ser, dos homens, o parasita,
Aos que buscam a luz da terra inteira.
Um crítico que fere a epiderme,
Mas, raso e fraco que és, nela ficas,
E, nas camadas vivas, morres na primeira.
F.R.
O homem busca ser feliz. Repele a tristeza. Finda convivendo com ela. Uns de maneira sóbria. Outros na esquiva e na repressão do conteúdo que lhe causa sofrimento.
A demonização da tristeza lhe confere o status de negativa; mas, será que ela não pode ser produtiva? Reservas à parte, talvez valha a meditação.
F.R.