coração de pedra

tudo agora, dilui-se qual xerém,

no papo satisfeito d'algum pinto.

o que agora no peito sofro e sinto,

nos olhos, rasos d'água, sinto também.

o que mais, no momento, me convém,

é esse nó que, apertado feito cinto,

estrangula-me o peito, não minto,

ao vê-la desfilar com outro alguém.

eis o grande final do que não houve!

se este soneto não te comove,

é porquê tens o coração de pedra.

e, nessa estrada, nessa áspera rota,

amargo, nesta vida, outra derrota,

mas vou à luta, se o coração não medra!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 18/09/2016
Reeditado em 18/09/2016
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