coração de pedra
tudo agora, dilui-se qual xerém,
no papo satisfeito d'algum pinto.
o que agora no peito sofro e sinto,
nos olhos, rasos d'água, sinto também.
o que mais, no momento, me convém,
é esse nó que, apertado feito cinto,
estrangula-me o peito, não minto,
ao vê-la desfilar com outro alguém.
eis o grande final do que não houve!
se este soneto não te comove,
é porquê tens o coração de pedra.
e, nessa estrada, nessa áspera rota,
amargo, nesta vida, outra derrota,
mas vou à luta, se o coração não medra!