OJOS NUBLADOS

É tão curto o amor,

e é tão longo o esquecimento.

[...]

Ainda que esta seja

a última dor que [...] me causa,

e estes sejam os últimos versos

que eu lhe escrevo.

[Pablo Neruda]

Os meus olhos carregam bem em si,

A cinza cor de um céu acabrunhado,

Suprema dor que em outros olhos vi,

Tristeza-solidão num véu nublado!

E nessa hora, Amado, em que te perdi...

Meu peito chora aflito e tão cansado!

De tudo o que contigo, eu já senti,

O vento leva tenso e tão frustrado!

Ah! Se desse amor eu não sei falar,

Fazê-lo permanente em teu sorriso,

Se cuido que o sofrer em te adorar,

Me dói também no gesto mais preciso,

Eu sei que o vento vai por mim levar

O meu soneto triste sem aviso.

Alessa B
Enviado por Alessa B em 18/09/2016
Reeditado em 13/03/2020
Código do texto: T5764669
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