OJOS NUBLADOS
É tão curto o amor,
e é tão longo o esquecimento.
[...]
Ainda que esta seja
a última dor que [...] me causa,
e estes sejam os últimos versos
que eu lhe escrevo.
[Pablo Neruda]
Os meus olhos carregam bem em si,
A cinza cor de um céu acabrunhado,
Suprema dor que em outros olhos vi,
Tristeza-solidão num véu nublado!
E nessa hora, Amado, em que te perdi...
Meu peito chora aflito e tão cansado!
De tudo o que contigo, eu já senti,
O vento leva tenso e tão frustrado!
Ah! Se desse amor eu não sei falar,
Fazê-lo permanente em teu sorriso,
Se cuido que o sofrer em te adorar,
Me dói também no gesto mais preciso,
Eu sei que o vento vai por mim levar
O meu soneto triste sem aviso.