A pena dos botões
1
Os botões da tua blusa
fizeram um pacto velado:
o corpo da minha musa
manter bem resguardado.
Por que mantê-la reclusa?
Para evitar mau olhado.
Bonitos botões da blusa,
bonito acordo fechado.
Aqueles botões, entretanto,
traídos por seus corações,
não resistiram aos encantos;
teus seios são dois vulcões.
Fragilizaram o teu manto,
culpados por más emoções.
2
E foram julgados os botões.
Sete presos, condenados
e as sete condenações
por sete acordos quebrados.
Não mantiveram a calma,
teriam esse mal evitado.
E quem errou uma casa
deixou o restante errado.
E minha musa, tão bela,
passiva, assistia a tudo.
Sete casas, sete celas
dos condenados mudos.
Tomai, minha musa bela,
tu vestes meu sobretudo.