SONETO “SEM TETO”

Há em mim um medo ardido em “fogo fátuo”

Pelo tempo, que dos fatos nunca pode se ausentar

A queimar todo suor da densa lida

Do outro que sem guarida vem a mim se acoplar.

No meu canto há a palavra mitigada

Que qual lava requentada desce a aliviar

A tensão num vão poema estrangulado

Que em verso tresloucado verte rimas a chorar.

Não que o verso seja pulso acovardado!

Não há como o sentimento aqui negligenciar...

É qual fardo dum cuidado renegado

Que no anverso do universo segue a amedrontar.

Há em mim frágil poema entreaberto

Aonde verso sem ter teto para em mim me abrigar.