Vitral
Para Raquel Ordones, por seu soneto "Pedacinhos"
Leio, releio e ouço absorto,
Pra entender este teu ser poeta.
A tua meta é um verso solto,
Que pouco a pouco se completa.
No que escreves existe um plano
Que vais traçando com lucidez.
É trabalho insano, sobre-humano,
A rima duplicando toda vez.
Temas variados, versos enxutos,
Falam de amor, universos e mundos,
Falam dos rios, dos mares profundos.
Agora, neste verso genial,
Descreves horas, minutos, segundos,
De tua reconstrução em vitral.
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Pedacinhos
Fiz-me desse modo: de pouco em pouco,
Louco é pensar que já nasci completa,
Minha meta segui; sem jeito amouco,
E rouco, meu ser grita em voz poeta.
Nas porções do tempo contei cada ano,
E sem engano rasgaram-se em mês,
Cortês abrem-se semanas, sem dano,
E no plano vem um dia por vez.
E fragmenta-se em horas, em minutos,
Labuto ser feliz nos segundos,
No meu mundo de bocados fecundos.
Pedacinhos de flores e de frutos,
Computo sentires, parte por parte,
E que me farte de mim, mosaica arte.
Raquel Ordones