Vitral

Para Raquel Ordones, por seu soneto "Pedacinhos"

Leio, releio e ouço absorto,

Pra entender este teu ser poeta.

A tua meta é um verso solto,

Que pouco a pouco se completa.

No que escreves existe um plano

Que vais traçando com lucidez.

É trabalho insano, sobre-humano,

A rima duplicando toda vez.

Temas variados, versos enxutos,

Falam de amor, universos e mundos,

Falam dos rios, dos mares profundos.

Agora, neste verso genial,

Descreves horas, minutos, segundos,

De tua reconstrução em vitral.

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Pedacinhos

Fiz-me desse modo: de pouco em pouco,

Louco é pensar que já nasci completa,

Minha meta segui; sem jeito amouco,

E rouco, meu ser grita em voz poeta.

Nas porções do tempo contei cada ano,

E sem engano rasgaram-se em mês,

Cortês abrem-se semanas, sem dano,

E no plano vem um dia por vez.

E fragmenta-se em horas, em minutos,

Labuto ser feliz nos segundos,

No meu mundo de bocados fecundos.

Pedacinhos de flores e de frutos,

Computo sentires, parte por parte,

E que me farte de mim, mosaica arte.

Raquel Ordones

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 13/09/2016
Reeditado em 14/09/2016
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