Soneto retirante

Sem ruído, sem fé, sem um filé

sem colher, vai fundo, sem sobra,

sem obra, no mundo um qualquer,

é José que sem amém se desdobra.

Se recobra, moribundo, não quer

por o pé numa cova, e manobra

uma dobra em segundo, um sopé;

Vai a pé nesta prova salobra.

E nada cobra do que lhe deve a vida,

é da lida sofrido retirante

sem instante, sem a leve guarida,

sem saída, perdido doravante.

Vai avante não se atreve ficar

nem chorar, o destemido gigante.

Josérobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 13/09/2016
Reeditado em 04/04/2022
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