Soneto

À saudade do deus-inseto,

"Era a dança macabra e multiforme

De um verme estranho, colossal, enorme

Do demônio sangrento da luxúria!"

Cruz e Sousa

Tu, um verme do espasmo e da miséria,

Hás de roer-me nos olhos mui ardentes

Ao ardor dos meus tormentos inda ausentes,

A dardejar o húmus lodoso à artéria.

Que hás de assanhar em fúnebre matéria,

Ouço-te, em que roerás nos meus vis dentes,

Sinto-me lânguido às porções silentes

De um sabor sanguinário à goela séria!

Vácuos vaidosamente voluptuosos

Das vozes... Vermes vis e volumosos,

Voracidade dos vorazes vales.

Que saudade... Que és uma ânsia contínua,

Que é a tua austeridade amada, afino-a...

És meu mal monstruosíssimo dos males!

Lucas Munhoz - (12/09/2016)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 12/09/2016
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