ANIMALIDADE RACIONAL
"Era como se na alma da cidade/ Profundamente lúbrica e revolta/ Mostrando as carnes, uma besta solta/ Soltasse o berro da animalidade." (Augusto dos Anjos)
ANIMALIDADE RACIONAL
Nessa pífia e vã existência astral
Trago a repulsiva acrimônia endêmica
Como a viva herança ubíqua sistêmica
Do ambíguo metaficismo ancestral
Como a leprosa hospedeira da peste
Mantenho longe o humano sanguessuga
E o escárnio potencial em fuga
Com o fedor da pústula sob as vestes
Assim vivo essa atração suícida
Nutrindo-me com a ira sanguinária
De uma alma patológica esquecida
Mas seguirei nessa sanha binária
A recorrência infausta sem saída
Até a volta à minha urna mortuária.
(Edna Frigato)