Jarro de Vulcano
1
Que curvas tão graciosas
teu corpo pode ostentar?
Que olhos em verso e prosa
teu âmago pode enxergar?
Que dedos te modelaram
na forja do deus Vulcano?
Que traumas te reeditaram
mudando-te a cada ano?
Que partes ficaram intactas?
Que parte se conservou?
Se o tempo a tudo maltrata,
quanto ele te maltratou?
Passando e deixando marcas,
que marca ele te deixou?
2
Que risco te afeta a parte?
Que parte te afeta o todo,
se o todo se faz de partes,
por partes se faz o todo?
Que emenda tu refizeste?
Que arranjos de utilidade,
que assim, digna te prezes,
mantendo-te a identidade?
Conserva-te, jarro da vida
driblando as vicissitudes.
Vulcano te quis nascida,
nasceste em magnitude.
Vulcano te deste a vida,
não deste decrepitude.