Jarro de Vulcano

1

Que curvas tão graciosas

teu corpo pode ostentar?

Que olhos em verso e prosa

teu âmago pode enxergar?

Que dedos te modelaram

na forja do deus Vulcano?

Que traumas te reeditaram

mudando-te a cada ano?

Que partes ficaram intactas?

Que parte se conservou?

Se o tempo a tudo maltrata,

quanto ele te maltratou?

Passando e deixando marcas,

que marca ele te deixou?

2

Que risco te afeta a parte?

Que parte te afeta o todo,

se o todo se faz de partes,

por partes se faz o todo?

Que emenda tu refizeste?

Que arranjos de utilidade,

que assim, digna te prezes,

mantendo-te a identidade?

Conserva-te, jarro da vida

driblando as vicissitudes.

Vulcano te quis nascida,

nasceste em magnitude.

Vulcano te deste a vida,

não deste decrepitude.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 12/09/2016
Reeditado em 12/09/2016
Código do texto: T5758490
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