Voz apagada
A minha voz não cala,
O meu choro não cessa.
Grita feito ferida que não sara,
Exposta como chaga aberta.
Fala pelo corpo que desaba,
Pelo cansaço que lhe resta.
Cansaço que não se acaba,
No triste rosto que o confessa.
A minha voz é dos tantos,
Feita pelos cantos
Que nunca puderam escrever.
Ela é feita de muitos prantos,
De cada parte e recanto,
De um Brasil que querem esquecer.