Muros
 
Vejo o barulho d’um silêncio tenebroso
irradiando dor, desespero, dúvida.
Rajadas de ventos soam em nossa vida
provocando frio, temor; caminho escabroso.
  
Arroubos de arrogância bruta, saboroso
licor amargo; filho de uma órfã grávida
estéril: de amor, de luz, de harmonia, da lida
gloriosa, generosa. Festim doloroso.
  
Surgem na escuridão radiante existências
corrompidas; vistas pela leviandade,
pela maledicência, como excelências.
  
Paredões são erguidos: pintados com escuros
claros de cores tristes, toscas, uma vaidade
poderosa; onde as divisões são longos muros.