CARNE DE SOL

CARNE DE SOL

Os sertões que atravesso são imensos,

Em face das perguntas sem respostas...

Dize-me exactamente do que gostas

Ou permite-me tocar teus ombros tensos.

Apesar de meus olhos tão pretensos,

Ainda o sol açoita as tuas costas:

As carnes ao desejo estão expostas

N'uma nudez sem véus ou mesmo lenços.

Sim, esvaziados já de todo o pejo

Sejamos n'este instante só desejo...

Só carnes a curtir ao sol e ao sal.

E qu'eu te crave os dentes sem saber

Se por fome ou vontade de comer,

Sejamos carne além do bem e mal.

São Mateus - 09 07 2016