Tempestade lacrimal

Do poente ao sentimento enfermiço,

caiu-se a face, redobrou-se o lamento.

Surgiu, e morreu na dor do momento,

calando-se lastimoso e sem viço.

Dias assim, tal qual turvo arcaboiço,

maculado, descrente e tão faminto;

seu corpo, feito hórrido labirinto,

anda sem sentido, rumo ao calabouço!

E a Vida, quieta e voraz lhe indaga:

– Já sabes que aumentar-lhe-ei a tua chaga?!

Por que é normal numa tempestade.

Lágrimas sombrias, lágrimas sinceras,

na triste via repleta de quimeras,

vemos pelo olhar fatal da Verdade!

***

São Paulo,

17 de maio de 2012.

* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).

Felipe Valle
Enviado por Felipe Valle em 08/09/2016
Código do texto: T5754083
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.