Tempestade lacrimal
Do poente ao sentimento enfermiço,
caiu-se a face, redobrou-se o lamento.
Surgiu, e morreu na dor do momento,
calando-se lastimoso e sem viço.
Dias assim, tal qual turvo arcaboiço,
maculado, descrente e tão faminto;
seu corpo, feito hórrido labirinto,
anda sem sentido, rumo ao calabouço!
E a Vida, quieta e voraz lhe indaga:
– Já sabes que aumentar-lhe-ei a tua chaga?!
Por que é normal numa tempestade.
Lágrimas sombrias, lágrimas sinceras,
na triste via repleta de quimeras,
vemos pelo olhar fatal da Verdade!
***
São Paulo,
17 de maio de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).