EPITÁFIO
Da vida não levarei coisa alguma,
apenas a vaga e triste esperança
de uma alma outrora viva e fecunda,
perdida na mais distante lembrança.
Deixarei apenas os meus poemas
(lidos por ninguém), vícios e virtudes.
Das loucuras fui feliz em não tê-las,
Mas aguentei, sozinho, o quanto pude.
Eu parto; posto que desejaria:
aos amores do coração, luxúria
aos amigos do tempo, boemia.
E que possa o firmamento divino
expiar-me da vida tais injúrias,
livrando-me dos pecados que sinto.