Sobre o amor e outros sentimentos (Coroa de Sonetos)

Sobre o amor e outros sentimentos

(Coroa de Sonetos)

I - N'alma como luva

Bordar o coração teu em meus versos

Estes que manifestam cheiro e flor

Tal qual belo um jardim em tons diversos

Exalam muitas nuances de um amor

Eis que a primeira luz é a primavera

No campo que hoje há aberto no meu peito

Brota este sentimento que já houvera

Florescido não tão forte a esse jeito

O meu tórax abriga o céu e a terra

Planta tu a semente que hoje cresce

Nesse solo em que as rimas são de chuva

Regando co' as palavras, tu enterras

O que foi um passado e recrudesce

Num doce amor que n' alma cai qual luva

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II - O apagar da lembrança

Num doce amor que cai n' alma qual luva

Fertilizando o solo para ti

Entre o teu sim e o não e como a chuva

Molha-me de paixão, o que eu senti

E essa chuva anuncia o breve dilúvio

A nuvem encharcada e torrencial

Que sobrevoa os seus olhos traz o alívio

Por ser a água o portento existencial

Chove-me se me faz a tua poesia

Nesta água o teu encanto inda a pureza

Onde o brilho do olhar garoa a magia

Reflorestando o campo que é o amor

Muito mais que antes é toda a riqueza

No apagar da lembrança enterra a dor

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III - O Poeta escreve

No apagar da lembrança enterra a dor

A vida como um rio vaga em seu leito

As memórias que calam frente ao amor

Foram as que adubaram o meu peito

Quando chega a sua estrela que ilumina

O que dói foi-se, é agora outro passado

Pois, que a Luz esclarece e então germina

O presente que emana e é muito amado

Experiência que acende o coração

Com muito mais a ciência do amor e alma

Que compõe esse ser que é a emoção

Desse nosso querer na inspiração

O qual transborda em verso feito em palma

Pelo poeta que a escreve com paixão

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IV - Linda como um lírio

Pelo poeta que a escreve com paixão

Oh Musa que me chega nessa tarde

A tábua é minha essência e coração

Faço um poema que tanto amor por ti arde

A doçura que exala dos teus poros

Da pele alva tão cândida de amor

És como o amanhecer do céu de Bósforo

Ao poeta em seu versar causa furor

Esquenta esse soneto esta tua trova

Co' estes olhos que teimam em brilhar

Na tua boca que minha rima aprova

O conjunto que inspira meu delírio

Que elegância, a silhueta tua é amar

Quão bela é, de tão linda é como um lírio!

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V - Ama mais que amou

Quão bela é, de tão linda é como um lírio!

Oh doce sentimento, felicita

Tanto é esta tua beleza, que colírio!

Que a poesia é tão cálida e me excita!

Respiro que urge a flor que é sua imagem

Expiro no entender a sua beleza

Que dentro para fora é uma passagem

És em teu rosto a efígie da realeza

Tão mais é belo o que há no coração

Eis este que é teu baú de formosuras

Os tesouros de toda a inspiração

Do poeta que versava e não sonhou

Por haver na beleza tal lisura

Amas muito mais, pois depois que a amou

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VI - Perfume Dulcíssino

Amas muito mais, pois, depois que a amou

Após sentir os olhos e o reflexo

Da sua alma que por eles transpassou

Cintilos do desejo teu conexo

Essência primaveril que desperta

O poeta que gentil desfaz-se em verso

No peito há um jardim que mais se aperta

Guardando de ti a estrelas do universo

Cada qual é de um brilho e uma e estação

São tantos tons de cores nesse amor

Desde o inverno, o arco-íris e o verão

Ferve de desejar em pleno outono

Cada vez que ama nasce uma outra flor

Na aquarela, o perfume tão dulcíssino

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VII - Brilhante à Luz da lua

Na aquarela, o perfume tão dulcíssono

Tu percorres a minha face ao luar

Pintando-me de amor mui belo e síncrono

Como pinta um artista o céu do amar

Noite está iluminada, ela seduz

- Os amantes enquanto enamorados -

Vaga no firmamento e me conduz

Pelo céu negro límpido e estrelado

Noite em que sol cansado foi deitar

Levou consigo o azul que o céu cobria

Sim, para ao poeta o amor vir revelar

Os corações que se amam são cantantes

Da beleza que ao luar nos inebria

És clara à Luz da lua, tu és brilhante

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VIII - Decantando em ti o luar

És clara à Luz da Lua, és tu brilhante

A tua luz que se espalha a minha frente

Na serenata o verso meu cantante

Estampado na lua está o amor da gente

Quão doce vaga o olhar no que há por ti

A sua tez, a pele alva onde repousa

Meus lábios na candura que está em si

Que tanto aquece o quanto a tua boca ousa

Quando balbucia uns versos os quais falam:

Oh Lua que me despeja o seu desejo

São tuas rimas, os beijos, que me calam,

Quando a alma minha encontram este amar,

Tanto dá-me este gozo, o quanto o almejo

Teu corpo ao decantar do amor ao luar

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IX - O extrato da sua vida

Teu corpo ao decantar do amor ao luar

Sua essência orvalha no ar, concupiscência

Esses anelos fazem contemplar,

Além do que é da carne, a sua existência

Deitada como jaz um anjo artista

Que do céu desceu sobre a pura graça

Co' a aura dourada a qual usa e conquista

Meu coração e os versos e que eu faça

Desse momento eu sinto esse perfume

Da sua rosa que orbita o firmamento

Vejo-a desabrochar no ato de amor

Como fez da flor que ama o seu costume

De ao poeta destilar seus sentimentos:

O extrato da sua vida, o verso e o olor

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X - A tela e o amor

O extrato da sua vida, o verso e o olor

Elementos que em ti formam a aliança

Que foi forjada em meio ao o fogo e amor

Luz de um Sol que irradiava com pujança

Amaras quando foste a inspiração

Qual reluzia na mente como rima

Conjugando os desejos e paixão

Pelos fúlgidos versos da obra-prima

O amor que passa em filme, uma pintura

Do artista cuja mão renascentista

Coração de ouro borda, o qual fulgura

Nos braços teus repouso o respirar

Nas mãos expressionistas de uma artista

A tela pinta a flor, o beijo e o amar

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XI - A flor ama como em outrora

A tela pinta a flor, o beijo e o amar

O artista que acompanha as estações

Já te espera o verão co' a flor e o mar

Na primavera onde ama o coração

Tão formosa... O teu baú guarda essas flores

No florescer que agora chega à noite

Tua rosa, como o lírio, traz amores

Mesmo que os teus espinhos, um açoite

O quanto ti no amar, que amou, conforta

Na tua pele enlevada, a tua beleza

Flor de Lis, tanto ardor é o que me importa

O amor que chegou, a flor no jardim e a hora

Que anuncia na tua seiva a doce proeza:

O encontro antes feliz como em outrora

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XII - Teu sol e mar

O encontro antes feliz como em outrora

Presença é mais que o corpo, é espiritual

Que há de ser o universo neste agora?

Pois tudo aqui é do céu um rio d' ouro astral

Veja, amor, as estrelas que sublimam

São deste sentimento a florescer

São feito Flor-de-Luz, nos iluminam

Na primavera, nosso arvorecer

É tão frondosa essa árvore-amor cresce

Neste encontro presente d' alma amou

No meu jardim tua essência só floresce

Tanto quanto tu dizes que há de amar

Esse mar de sonetos que cantou

Chamando-me de amor, meu sol e mar

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XIII - Versos de amor: o sentimento

Chamando-me de amor, meu sol e mar

A sua voz sussurrava melodias

Não há dor que resista ao seu amar

Pois, o jeito que me olha é só poesia...

E que lembrança tanto má persiste?

Se os novelos de luz vêm de ti a mim,

Nesse abraço, no seu beijo que insiste

Selar as bocas n' almas, ama enfim...

Minha Flor, que a esperança encha o seu peito

Como preencheu o seu Ser o meu jardim

Que urgia no peito e ardia por ti de um jeito

Como sonhando o que há neste momento

O encontro aglutinando o ardor, por fim,

Nestes versos de amor, o sentimento...

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XIV - A tua coroa de sonetos

Nestes versos de amor, o sentimento...

A noite empalidece e tu irradias

Co' o brilho teu de amor, este um alento

Para o crer no que é eterno pelos dias

Vivendo de amar nessa afinidade

Perpassa o corpo e aquece o coração

Tanto o quanto [e se] o amor é de verdade

Tal como este embebido na paixão

O amor é assim, semente que rebrota

Cai n'alma como luva e feito o orvalho

Que à noite desce ao campo nas suas gotas

O quanto há o teu querer em mim imerso

Na coroa de sonetos eu detalho:

Bordar o coração teu em meus versos

* Coroa de Sonetos - Sobre amor e outros sentimentos

Alexander Herzog
Enviado por Alexander Herzog em 07/09/2016
Reeditado em 24/04/2018
Código do texto: T5753392
Classificação de conteúdo: seguro
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