Inumação da nossa felicidade
A tarde cai na tranquila necrópole,
tombando a mágoa, calando o ensejo.
Tendo somente, tua lápide — pejo
de ver-te outra vez, mas falta a índole...
Na sensação, que tão acerba se engole,
curvar-me frente a imagem de almejo;
senti eu um choque, na face um bafejo,
e desse pesar tomei outro gole.
Nos corredores, nas negras, frias ruas,
teu leito jaz junto as flores perpétuas;
que ornam num íntimo terno e profundo.
E maio, rosário feito uma grinalda,
coroou as núpcias, louvei minh'amada,
inumar nosso amor foi noutro mundo!
***
São Paulo,
26 de maio de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Provençal / Gaita Galega (4ª, 7ª e 10ª).